domingo, 26 de outubro de 2008

Liberdade....ou liberdades

"Em Janeiro de 1990, os detectives Blythe, Militello, Barnes, Borriello e Campione interrogaram Shawcross a respeito do assassínio de duas crianças. Shawcross repete quase ipsis verbis as suas confissões de 1972, em Watertown - não há traços de canibalismo nem de mutilação post mortem:
- Art - pergunta o detective Blythe - tiveste relações com esse rapaz? - Não - responde Shawcross.
- Conhecia-lo bem? - Ia pescar muitas vezes com ele. - E a miudinha, podes dizer-nos como era?
- Sim, tinha cabelos louros ou castanhos claros, que lhe chegavam aos ombros.
- Era desenvolvida para a idade? Tinha seios?
- Já não me lembro. Mas era de estatura média.
- Era bonita?
- Sim.
- E onde é que isso aconteceu exactamente?
- Perto de Mill Street, em Watertown. Estava a pescar lá há cerca de duas horas, na confluência com o Black River. Estava um dia muito bonito. E vi-a. Perguntei-lhe se não tinha medo de estar sozinha e ela respondeu-me que ia ali muitas vezes.
- Quanto tempo ficaste com ela?
- Não mais de dez ou quinze minutos.
- Como estava vestida?
- Penso que tinha uns calções. Ou talvez umas calças.
- Tiveste relações sexuais com ela?
- Sim.
- E ela ainda estava viva?
- Sim.
- Estavas despido?
- Não, baixara as calças.
- E ela estava deitada no chão?
- Não. Penso que estava inclinada para a frente.
- Tiraste-lhe a roupa?
- Apenas os calções ou as calças que estavam baixados.
- Penetraste-a por trás?
- Sim. Penetrei-a com a minha piça.
- Sei que é difícil para ti contares-nos tudo isso - diz o detective Millitello - e quero dizer-te que apreciamos a tua ajuda.
- Tento esquecer o passado… - suspira Shawcross.
- Onde estavas quando a estrangulaste? - continua Blythe - Continuavas a penetrá-la?
- Ela estava de pé quando a matei.
- E tu pensas que ela te seguiu porque queria ter relações contigo?
- Não, não penso, porque ela chorava e sangrava ao mesmo tempo. ..Quando a vi, não ouvi mais ruído algum em meu redor. Tudo estava silencioso. A luz do dia tornou-se mais brilhante e pensei que se tratava da minha irmã Jeannie...Comecei por obrigá-la a fazer-me uma felação antes de a violar. Ela tinha medo. Gritava. Depois, ao ver o que tinha feito, estrangulei-a. A luminosidade desapareceu e cobri o cadáver com entulho e pedras, antes de abandonar o local.
Sem que os investigadores lho peçam, Arthur Shawcross menciona as relações incestuosas que o ligavam à sua irmã Jeannie:
- Um dia, contei à minha mãe que a minha irmã e eu éramos mais do que simples irmão e irmã.
- Que contaste à tua mãe?
- A minha irmã Jeannie é três anos mais nova do que eu. Agora, está casada com um militar e viveram muito tempo na Grécia. (Hesita, fica silencioso durante um instante).
- Tinhas relações com ela?
- Não, chupava-a apenas e acariciava-a. Isso durou três anos, até ela fazer 17.
- E, ela fazia-te o mesmo?
- Não, não. Ela deixava que eu fizesse mais nada.
Interrogada em seguida, a irmã de Shawcross, Jeannie Williams, nega, terminantemente, ter tido quaisquer relações sexuais com o irmão.

No caso das mortes das duas crianças, Shawcross mostra mais uma vez a sua habilidade. Faz um acordo, que as autoridades judiciárias nunca deveriam ter aceitado, em troca das suas confissões voluntárias sobre os dois crimes, visto que não existe qualquer prova que o ligue directamente a esses dois delitos.
É condenado a vinte e cinco anos de prisão, apenas pelo assassínio de Karen Ann Hill. Não é pronunciado pelo assassínio de Jack Blake nem pela violação da adolescente.
Prometem aos pais das vítimas que Shawcross não sairá da cadeia antes do fim da pena e que a comissão encarregada das liberdades condicionais nunca libertará um criminoso daquele calibre, tanto mais que cometeu os crimes quando estava em liberdade condicional.”

Sabemos como foi cumprida esta promessa.....

Mais uma vez.....a história repete-se.....e um criminoso perigoso e reincidente é posto em liberdade, quando toda a lógica e sentido de responsabilidade ditavam, exactamente, o contrário.
Cada vez mais, em Portugal, esta é uma realidade de todos os dias...onde já se pode agredir a tiro, mesmo dentro das esquadras e sair em liberdade.

Estranhos tempos e estranhas formas de vida. Viva a Liberdade!!!


In “Serial Killers” (2000)

3 comentários:

Atik disse...

um psicologo criminal e um sociologo nunca poderiam referir o que referiram.
Nao sei onde estudaram, mas o caracter exclusivamente punitivo das penas à mt q deixou de fazer sentido...
Para que prender um individuo durante 25anos seguidos? E a reinserção? Esperam-na conseguir depois de tanto tempo de reclusão? E o caracter terapeutico das penas, não se lembraram de ver essa parte nos vossos apontamentos universitarios?
Foi feito algum exame psicologico forense a este sujeito? Despistaram possiveis doenças mentais, perturbações da personalidade?Parafilias?


Ana V.

Quanto ao jornalista ja estou um pouco habituada a este tipo de ignorancia... num pais onde manchetes em todos os jornais e noticiarios afirmam q individuos são condenados por PEDOFILIA (termo q nem consta do codigo penal)...

Enfim, é triste... Informem-se pff...

Porque ouvir um comum cidadão referir-se nestes termos não me choca... mas quando profissionais da área o fazem, ai sim, eu envergonho-me de ser portuguesa...

Anônimo disse...

O POS-ROTAS ROMANAS NA ZONA ACABOU COM ELA

Anônimo disse...

PRA PIORAR PAÍSES COM INDICES CRIMINAIS MENORES TENDEM A SER MENOS CAUTELOSOS PARA COM A SEGURANÇA BASICA AINDA MAIS NAQUELA EPOCA DE CRIMINALIDADE MENOR AINDA