Até voltar às "postagens" regulares sugiro a leitura deste link!
http://globalsociology.edublogs.org/2008/11/24/the-globalization-of-crime/
Até breve!
sábado, 29 de novembro de 2008
domingo, 26 de outubro de 2008
Liberdade....ou liberdades
"Em Janeiro de 1990, os detectives Blythe, Militello, Barnes, Borriello e Campione interrogaram Shawcross a respeito do assassínio de duas crianças. Shawcross repete quase ipsis verbis as suas confissões de 1972, em Watertown - não há traços de canibalismo nem de mutilação post mortem:
- Art - pergunta o detective Blythe - tiveste relações com esse rapaz? - Não - responde Shawcross.
- Conhecia-lo bem? - Ia pescar muitas vezes com ele. - E a miudinha, podes dizer-nos como era?
- Sim, tinha cabelos louros ou castanhos claros, que lhe chegavam aos ombros.
- Era desenvolvida para a idade? Tinha seios?
- Já não me lembro. Mas era de estatura média.
- Era bonita?
- Sim.
- E onde é que isso aconteceu exactamente?
- Perto de Mill Street, em Watertown. Estava a pescar lá há cerca de duas horas, na confluência com o Black River. Estava um dia muito bonito. E vi-a. Perguntei-lhe se não tinha medo de estar sozinha e ela respondeu-me que ia ali muitas vezes.
- Quanto tempo ficaste com ela?
- Não mais de dez ou quinze minutos.
- Como estava vestida?
- Penso que tinha uns calções. Ou talvez umas calças.
- Tiveste relações sexuais com ela?
- Sim.
- E ela ainda estava viva?
- Sim.
- Estavas despido?
- Não, baixara as calças.
- E ela estava deitada no chão?
- Não. Penso que estava inclinada para a frente.
- Tiraste-lhe a roupa?
- Apenas os calções ou as calças que estavam baixados.
- Penetraste-a por trás?
- Sim. Penetrei-a com a minha piça.
- Sei que é difícil para ti contares-nos tudo isso - diz o detective Millitello - e quero dizer-te que apreciamos a tua ajuda.
- Tento esquecer o passado… - suspira Shawcross.
- Onde estavas quando a estrangulaste? - continua Blythe - Continuavas a penetrá-la?
- Ela estava de pé quando a matei.
- E tu pensas que ela te seguiu porque queria ter relações contigo?
- Não, não penso, porque ela chorava e sangrava ao mesmo tempo. ..Quando a vi, não ouvi mais ruído algum em meu redor. Tudo estava silencioso. A luz do dia tornou-se mais brilhante e pensei que se tratava da minha irmã Jeannie...Comecei por obrigá-la a fazer-me uma felação antes de a violar. Ela tinha medo. Gritava. Depois, ao ver o que tinha feito, estrangulei-a. A luminosidade desapareceu e cobri o cadáver com entulho e pedras, antes de abandonar o local.
Sem que os investigadores lho peçam, Arthur Shawcross menciona as relações incestuosas que o ligavam à sua irmã Jeannie:
- Um dia, contei à minha mãe que a minha irmã e eu éramos mais do que simples irmão e irmã.
- Que contaste à tua mãe?
- A minha irmã Jeannie é três anos mais nova do que eu. Agora, está casada com um militar e viveram muito tempo na Grécia. (Hesita, fica silencioso durante um instante).
- Tinhas relações com ela?
- Não, chupava-a apenas e acariciava-a. Isso durou três anos, até ela fazer 17.
- E, ela fazia-te o mesmo?
- Não, não. Ela deixava que eu fizesse mais nada.
Interrogada em seguida, a irmã de Shawcross, Jeannie Williams, nega, terminantemente, ter tido quaisquer relações sexuais com o irmão.
No caso das mortes das duas crianças, Shawcross mostra mais uma vez a sua habilidade. Faz um acordo, que as autoridades judiciárias nunca deveriam ter aceitado, em troca das suas confissões voluntárias sobre os dois crimes, visto que não existe qualquer prova que o ligue directamente a esses dois delitos.
É condenado a vinte e cinco anos de prisão, apenas pelo assassínio de Karen Ann Hill. Não é pronunciado pelo assassínio de Jack Blake nem pela violação da adolescente.
Prometem aos pais das vítimas que Shawcross não sairá da cadeia antes do fim da pena e que a comissão encarregada das liberdades condicionais nunca libertará um criminoso daquele calibre, tanto mais que cometeu os crimes quando estava em liberdade condicional.”
Sabemos como foi cumprida esta promessa.....
Mais uma vez.....a história repete-se.....e um criminoso perigoso e reincidente é posto em liberdade, quando toda a lógica e sentido de responsabilidade ditavam, exactamente, o contrário.
Cada vez mais, em Portugal, esta é uma realidade de todos os dias...onde já se pode agredir a tiro, mesmo dentro das esquadras e sair em liberdade.
- Art - pergunta o detective Blythe - tiveste relações com esse rapaz? - Não - responde Shawcross.
- Conhecia-lo bem? - Ia pescar muitas vezes com ele. - E a miudinha, podes dizer-nos como era?
- Sim, tinha cabelos louros ou castanhos claros, que lhe chegavam aos ombros.
- Era desenvolvida para a idade? Tinha seios?
- Já não me lembro. Mas era de estatura média.
- Era bonita?
- Sim.
- E onde é que isso aconteceu exactamente?
- Perto de Mill Street, em Watertown. Estava a pescar lá há cerca de duas horas, na confluência com o Black River. Estava um dia muito bonito. E vi-a. Perguntei-lhe se não tinha medo de estar sozinha e ela respondeu-me que ia ali muitas vezes.
- Quanto tempo ficaste com ela?
- Não mais de dez ou quinze minutos.
- Como estava vestida?
- Penso que tinha uns calções. Ou talvez umas calças.
- Tiveste relações sexuais com ela?
- Sim.
- E ela ainda estava viva?
- Sim.
- Estavas despido?
- Não, baixara as calças.
- E ela estava deitada no chão?
- Não. Penso que estava inclinada para a frente.
- Tiraste-lhe a roupa?
- Apenas os calções ou as calças que estavam baixados.
- Penetraste-a por trás?
- Sim. Penetrei-a com a minha piça.
- Sei que é difícil para ti contares-nos tudo isso - diz o detective Millitello - e quero dizer-te que apreciamos a tua ajuda.
- Tento esquecer o passado… - suspira Shawcross.
- Onde estavas quando a estrangulaste? - continua Blythe - Continuavas a penetrá-la?
- Ela estava de pé quando a matei.
- E tu pensas que ela te seguiu porque queria ter relações contigo?
- Não, não penso, porque ela chorava e sangrava ao mesmo tempo. ..Quando a vi, não ouvi mais ruído algum em meu redor. Tudo estava silencioso. A luz do dia tornou-se mais brilhante e pensei que se tratava da minha irmã Jeannie...Comecei por obrigá-la a fazer-me uma felação antes de a violar. Ela tinha medo. Gritava. Depois, ao ver o que tinha feito, estrangulei-a. A luminosidade desapareceu e cobri o cadáver com entulho e pedras, antes de abandonar o local.
Sem que os investigadores lho peçam, Arthur Shawcross menciona as relações incestuosas que o ligavam à sua irmã Jeannie:
- Um dia, contei à minha mãe que a minha irmã e eu éramos mais do que simples irmão e irmã.
- Que contaste à tua mãe?
- A minha irmã Jeannie é três anos mais nova do que eu. Agora, está casada com um militar e viveram muito tempo na Grécia. (Hesita, fica silencioso durante um instante).
- Tinhas relações com ela?
- Não, chupava-a apenas e acariciava-a. Isso durou três anos, até ela fazer 17.
- E, ela fazia-te o mesmo?
- Não, não. Ela deixava que eu fizesse mais nada.
Interrogada em seguida, a irmã de Shawcross, Jeannie Williams, nega, terminantemente, ter tido quaisquer relações sexuais com o irmão.
No caso das mortes das duas crianças, Shawcross mostra mais uma vez a sua habilidade. Faz um acordo, que as autoridades judiciárias nunca deveriam ter aceitado, em troca das suas confissões voluntárias sobre os dois crimes, visto que não existe qualquer prova que o ligue directamente a esses dois delitos.
É condenado a vinte e cinco anos de prisão, apenas pelo assassínio de Karen Ann Hill. Não é pronunciado pelo assassínio de Jack Blake nem pela violação da adolescente.
Prometem aos pais das vítimas que Shawcross não sairá da cadeia antes do fim da pena e que a comissão encarregada das liberdades condicionais nunca libertará um criminoso daquele calibre, tanto mais que cometeu os crimes quando estava em liberdade condicional.”
Sabemos como foi cumprida esta promessa.....
Mais uma vez.....a história repete-se.....e um criminoso perigoso e reincidente é posto em liberdade, quando toda a lógica e sentido de responsabilidade ditavam, exactamente, o contrário.
Cada vez mais, em Portugal, esta é uma realidade de todos os dias...onde já se pode agredir a tiro, mesmo dentro das esquadras e sair em liberdade.
Estranhos tempos e estranhas formas de vida. Viva a Liberdade!!!
In “Serial Killers” (2000)
In “Serial Killers” (2000)
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Este tipo de criminalidade é das que mais me preocupa...
O Tribunal de Monsanto, em Lisboa, condenou hoje o líder nacionalista Mário Machado a quatro anos e dez meses de prisão efectiva, nomeadamente pelo crime de discriminação racial.O acórdão do julgamento de Mário Machado refere que este activista conotado com a extrema-direita foi também condenado pelos crimes de coacção agravada, detenção de arma ilegal, ameaça, dano e ofensa à integridade física qualificada.A leitura do acórdão do julgamento do líder nacionalista e de outros 35 arguidos acusados de discriminação racial está a decorrer no Tribunal de Monsanto.Os 36 arguidos, conotados com o movimento "skinhead", foram pronunciados a 29 de Novembro de 2007 pelo crime de discriminação racial e outras infracções conexas, incluindo agressões, sequestro e posse ilegal de armas, após uma investigação da Direcção Central de Combate ao Bandistismo (DCCB) da Polícia Judiciária, sob a direcção do Ministério Público.Durante as buscas realizadas pela DCCB, na fase de investigação, foram apreendidas diversas armas de fogo, munições, armas brancas, soqueiras, mocas, batões, tacos de basebol e diversa propaganada de carácter racista, xenófobo e anti-semita.
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Uma cidadã portuguesa foi detida em Londres minutos depois de casar com imigrante ilegal
Uma jovem portuguesa de 21 anos foi detida em Londres minutos depois de casar com um imigrante nigeriano, por alegadamente estar a ajudá-lo a entrar de forma ilegal no país. A portuguesa já foi libertada e aguarda uma formalização da acusação.
A detenção ocorreu a 17 de Setembro mas só agora foi divulgada pela polícia britânica, como um exemplo da forma como as autoridades estão a combater a imigração ilegal.
A mulher, cuja identidade não foi revelada, estava ainda vestida com o seu traje de noiva, quando foi parada à porta de uma igreja em Dulwich, no sul de Londres, num carro com dois homens, mas nenhum não era o novo marido.
A polícia só agiu porque o Ford Mondeo onde seguia a cidadã portuguesa foi identificado como procurado pelas autoridades.
Um dos homens que se encontravam no interior tinha cadastro criminal e também foi detido, contou à Agência Lusa um porta-voz da Polícia Metropolitana de Londres.
Os agentes desconfiaram do casamento quando se aperceberam que o noivo, um nigeriano de 37 anos, tinha saído separadamente da igreja, numa outra viatura. Foi detido, aguardando a deportação para o país de origem.
A portuguesa foi entretanto libertada e aguarda o fim das investigações, que deverão resultar na acusação de ajudar um imigrante a entrar de forma ilegal no país. Um porta-voz da Agência para as Fronteiras adiantou que, dependendo da acusação, a mulher pode incorrer numa pena até 14 anos de prisão.
A jovem está a residir temporariamente na casa de amigos em Southwark, também no sul de Londres.
O caso deverá ser reavaliado a 6 de Novembro para determinar se vai a julgamento. A polícia está convencida de que tem elementos suficientes para avançar para o tribunal. "Estamos bastante confiantes de que o casamento era falso", disse à Lusa a mesma fonte policial.
O caso mais recente de casamentos envolvendo imigrantes ilegais, referiu, aconteceu na Escócia e o "facilitador" foi condenado a dois anos de cadeia.
Legislação introduzida recentemente no Reino Unido determina que extra-europeus sem autorização de residência têm de pedir por escrito uma autorização para casar.
De acordo com o ministério do Interior, só no ano passado foram identificados 400 casos suspeitos, número inferior aos 3500 registados em 2004.
Em resumo... este casamento não teve direito a lua-de-mel!
A detenção ocorreu a 17 de Setembro mas só agora foi divulgada pela polícia britânica, como um exemplo da forma como as autoridades estão a combater a imigração ilegal.
A mulher, cuja identidade não foi revelada, estava ainda vestida com o seu traje de noiva, quando foi parada à porta de uma igreja em Dulwich, no sul de Londres, num carro com dois homens, mas nenhum não era o novo marido.
A polícia só agiu porque o Ford Mondeo onde seguia a cidadã portuguesa foi identificado como procurado pelas autoridades.
Um dos homens que se encontravam no interior tinha cadastro criminal e também foi detido, contou à Agência Lusa um porta-voz da Polícia Metropolitana de Londres.
Os agentes desconfiaram do casamento quando se aperceberam que o noivo, um nigeriano de 37 anos, tinha saído separadamente da igreja, numa outra viatura. Foi detido, aguardando a deportação para o país de origem.
A portuguesa foi entretanto libertada e aguarda o fim das investigações, que deverão resultar na acusação de ajudar um imigrante a entrar de forma ilegal no país. Um porta-voz da Agência para as Fronteiras adiantou que, dependendo da acusação, a mulher pode incorrer numa pena até 14 anos de prisão.
A jovem está a residir temporariamente na casa de amigos em Southwark, também no sul de Londres.
O caso deverá ser reavaliado a 6 de Novembro para determinar se vai a julgamento. A polícia está convencida de que tem elementos suficientes para avançar para o tribunal. "Estamos bastante confiantes de que o casamento era falso", disse à Lusa a mesma fonte policial.
O caso mais recente de casamentos envolvendo imigrantes ilegais, referiu, aconteceu na Escócia e o "facilitador" foi condenado a dois anos de cadeia.
Legislação introduzida recentemente no Reino Unido determina que extra-europeus sem autorização de residência têm de pedir por escrito uma autorização para casar.
De acordo com o ministério do Interior, só no ano passado foram identificados 400 casos suspeitos, número inferior aos 3500 registados em 2004.
Em resumo... este casamento não teve direito a lua-de-mel!
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Entrevista da Folha de S.Paulo ao sociólogo francês Loïc Wacquant
Ataques como os do fim de semana devem ocorrer de novo e só podem ser evitados se as elites políticas brasileiras e o governo do país contra-atacarem no campo social, não no criminal. Polêmica, essa é a opinião de um especialista no assunto: Loïc Wacquant, 46, professor de sociologia da Universidade da Califórnia em Berkeley e pesquisador do Centro de Sociologia Européia em Paris.Francês, ganhador do prêmio da Fundação MacArthur, o "prêmio dos gênios", ele estudou no Brasil as desigualdades sociais, o sistema carcerário e o judicial, visitas que renderam livros como "As Prisões da Miséria" (Jorge Zahar, 2001), "Punir os Pobres - A Nova Gestão da Miséria nos EUA" (Freitas Bastos Editora, 2001) e "As Duas Faces do Gueto" (sai em setembro pela Boitempo Editorial).
A seguir, os principais trechos da entrevista à Folha:
Folha - Por que a situação em São Paulo chegou a esse ponto?
Loïc Wacquant - Porque nas últimas décadas as elites políticas brasileiras têm usado o estado penal --polícia, tribunais e sistema judiciário-- como o único instrumento não só de controle da criminalidade como de distribuição de renda e fim da pobreza urbana. Expandir esse estado não fará nada para acabar com as causas do crime, especialmente quando o próprio governo não respeita as leis pelas quais deve zelar: a polícia de São Paulo mata mais que as polícias de todos os países da Europa juntos, e com uma quase impunidade. Os tribunais agem sabidamente com preconceito de classe e raça. E o sistema prisional é um "campo de concentração" dos muito pobres. Como você pode esperar que esse trio calamitoso ajude a estabelecer a "justiça"? A manutenção do que chamo de estado penal só faz com que a violência institucionalizada alimente a violência criminosa e faça com que as pessoas tenham medo da polícia. Cria um vácuo que o crime organizado sabe muito bem preencher. Isso permite a eles que cresçam e sejam tão poderosos e ousados a ponto de desafiar abertamente o Estado e seu monopólio do uso da violência.
Folha - O sr. acha que os ataques acontecerão de novo?
Wacquant - Sim, pode-se prever que acontecerão de novo e de novo, pelo menos enquanto as elites políticas se recusarem a encarar de frente as desigualdades vertiginosas. Nenhuma sociedade democrática na face da Terra pode combater o crime apenas com seu aparato policial-judiciário. Quais os remédios? Os de sempre: educação, emprego, seguro para os desempregados e uma rede social para os mais pobres. O Brasil paga com violência criminal sua recusa injustificável de encarar sua desigualdade social.
Folha - Uma política de "tolerância zero", a la Rudolph Giuliani quando prefeito de Nova York, poderia ajudar a resolver o problema?
Wacquant - Seria um erro duplo. Primeiro porque a queda espetacular do crime em Nova York não teve nada a ver com a política de "tolerância zero" de Giuliani, já estava em curso quando o prefeito apareceu na cena e acontecia em outras cidades norte-americanas e mesmo canadenses, em lugares que não aplicaram tal política. Segundo porque, no Brasil, aumentar o poder da polícia equivale a restabelecer a ditadura sobre os pobres e a destruir ainda mais as bases democráticas do Estado.
Folha - E a pena de morte?
Wacquant - Nunca teve efeito definitivo em crimes violentos em nenhum país, por que haveria de ter no Brasil? Por que bandidos profissionais, que estão na indústria da violência, temeriam a morte quando eles a vêem diariamente ao redor deles, quando eles matam e são mortos rotineiramente?
Folha - O sr. esteve no Brasil algumas vezes. Teve medo?
Wacquant - Estive sete vezes na última década. Percebi uma mudança significativa ao longo desse período, com o medo da violência crescendo e se espalhando. Se as elites não se movimentarem, esse medo jogará o país em um ciclo vicioso e mortal.O presidente Lula declarou em Viena, no último fim de semana, que a causa da violência é a falta de programas sociais. Ele está certo, mas são só palavras. Agora, nós precisamos ver as ações, e elas estão no campo social, não no campo criminal.
A seguir, os principais trechos da entrevista à Folha:
Folha - Por que a situação em São Paulo chegou a esse ponto?
Loïc Wacquant - Porque nas últimas décadas as elites políticas brasileiras têm usado o estado penal --polícia, tribunais e sistema judiciário-- como o único instrumento não só de controle da criminalidade como de distribuição de renda e fim da pobreza urbana. Expandir esse estado não fará nada para acabar com as causas do crime, especialmente quando o próprio governo não respeita as leis pelas quais deve zelar: a polícia de São Paulo mata mais que as polícias de todos os países da Europa juntos, e com uma quase impunidade. Os tribunais agem sabidamente com preconceito de classe e raça. E o sistema prisional é um "campo de concentração" dos muito pobres. Como você pode esperar que esse trio calamitoso ajude a estabelecer a "justiça"? A manutenção do que chamo de estado penal só faz com que a violência institucionalizada alimente a violência criminosa e faça com que as pessoas tenham medo da polícia. Cria um vácuo que o crime organizado sabe muito bem preencher. Isso permite a eles que cresçam e sejam tão poderosos e ousados a ponto de desafiar abertamente o Estado e seu monopólio do uso da violência.
Folha - O sr. acha que os ataques acontecerão de novo?
Wacquant - Sim, pode-se prever que acontecerão de novo e de novo, pelo menos enquanto as elites políticas se recusarem a encarar de frente as desigualdades vertiginosas. Nenhuma sociedade democrática na face da Terra pode combater o crime apenas com seu aparato policial-judiciário. Quais os remédios? Os de sempre: educação, emprego, seguro para os desempregados e uma rede social para os mais pobres. O Brasil paga com violência criminal sua recusa injustificável de encarar sua desigualdade social.
Folha - Uma política de "tolerância zero", a la Rudolph Giuliani quando prefeito de Nova York, poderia ajudar a resolver o problema?
Wacquant - Seria um erro duplo. Primeiro porque a queda espetacular do crime em Nova York não teve nada a ver com a política de "tolerância zero" de Giuliani, já estava em curso quando o prefeito apareceu na cena e acontecia em outras cidades norte-americanas e mesmo canadenses, em lugares que não aplicaram tal política. Segundo porque, no Brasil, aumentar o poder da polícia equivale a restabelecer a ditadura sobre os pobres e a destruir ainda mais as bases democráticas do Estado.
Folha - E a pena de morte?
Wacquant - Nunca teve efeito definitivo em crimes violentos em nenhum país, por que haveria de ter no Brasil? Por que bandidos profissionais, que estão na indústria da violência, temeriam a morte quando eles a vêem diariamente ao redor deles, quando eles matam e são mortos rotineiramente?
Folha - O sr. esteve no Brasil algumas vezes. Teve medo?
Wacquant - Estive sete vezes na última década. Percebi uma mudança significativa ao longo desse período, com o medo da violência crescendo e se espalhando. Se as elites não se movimentarem, esse medo jogará o país em um ciclo vicioso e mortal.O presidente Lula declarou em Viena, no último fim de semana, que a causa da violência é a falta de programas sociais. Ele está certo, mas são só palavras. Agora, nós precisamos ver as ações, e elas estão no campo social, não no campo criminal.
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Sindicato alerta para risco de processos-crime prescreverem por falta de funcionários
O Sindicato dos Oficiais de Justiça exigiu hoje mais formação e melhores condições de trabalho para os funcionários dos tribunais e alertou para o risco de prescrição de vários processos-crime "por falta de quadros"."As condições de trabalho são efectivamente importantes e é aqui que nós entendemos que devemos focalizar a nossa acção. Compreendemos o estado que o país atravessa, por isso as nossas exigências passam por mais formação e melhores condições de trabalho", disse o presidente do sindicato, Carlos Almeida, em conferência de imprensa. De acordo com o sindicalista, a formação "deve ser valorizada" de modo a que "pudesse ser considerado como requisito de ingresso numa licenciatura".O presidente do Sindicato dos Oficiais de Justiça frisou que oficiais de justiça e magistrados são, neste momento, vítimas de "uma lógica de funil". Nas contas de Carlos Almeida faltam actualmente 1200 funcionários judiciais e o Ministério da Justiça é alvo de crítica por "apostar nas movimentações feitas ao abrigo de uma discricionariedade que é legítima, mas destituída de critérios objectivos". O dirigente sindical estabeleceu um paralelismo entre o número de funcionários e o número de polícias que, segundo o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, ingressarão no próximo ano nas forças de segurança. "Hoje em dia é referenciada a falta de polícias quando, quase à pressa, há uma promessa de que entrarão mais polícias e temos que perceber o seguinte: entrando mais polícias vão, efectivamente, obter mais resultados e obviamente serão mais processos, mas quando esses processos entrarem nos tribunais não estarão lá os oficiais de justiça e os magistrados para lhes darem resposta", alertou. "Estamos numa lógica do imediato e daqui a cinco, seis anos, vamos obviamente ter situações às quais os tribunais não poderão dar uma resposta", acrescentou. Carlos Almeida afirmou que "a médio prazo se perspectiva o aumento do número de processos prescritos".
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Mais um crime violento no país...
... o preço dos combustível continua pela hora da morte!
Quanto a mim, as pseudo-justificações dadas pela Galp, BP e outras que tais, para não baixar os preços dos combustíveis, são verdadeiramente criminosas! Concordam comigo?
Quanto a mim, as pseudo-justificações dadas pela Galp, BP e outras que tais, para não baixar os preços dos combustíveis, são verdadeiramente criminosas! Concordam comigo?
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